As trans e travestis de Campo Grande têm um atendimento gratuito oferecido pelo programa TRANSodara. Adaptado devido a pandemia está atendendo das 17h às 19h30, no CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento), em frente ao Horto Florestal, na rua Anhandui, 353, Vila Carvalho, próximop a Mirim. Além da vacinação contra HPV, Hepatite A e B, são feitos testes de HIV, sífilis, gonorréia, clamídia entre outros.

O estudo é uma pesquisa da FIocruz com o Ministério da Saúde e além de pagar R$ 25,00 para cada participante cada novo que é levado dá o direito a mais R$ 25,00. A ida e volta do aplicativo de transporte é gratuita também. A ATMS (Associação das Travestis e Transexuais de Mato Grosso do Sul) por meio da presidente da entidade, Cris Stefanny, e da Hellen Kadory, tem se empenhado em fazer as buscativas das meninas (travestis e transexuais) para levá-las  nas ações do projeto.

De acordo com a Cris, a meta é atender 180 pessoas Trans/travestis, mas até agora, alcançaram 132 pessoas, devido às dificuldades impostas pela pandemia. “Tivemos de estancar as ações por duas vezes. Uma no começo da pandemia e outra agora durante os fechamentos dos serviços devido estarmos em zona cinza”, explica Cris Stefanny.

A ATMS se encarrega de fazer os convites e recrutar as meninas. Cris lembra que  todas as exigências de biossegurança são completamente respeitadas nas ações ( distanciamento social, uso de álcool gel, uso de máscaras e etc..). Para a associação, a empreitada é de suma importância para saúde das pessoas travestis e transexuais de Campo Grande. “Além do pagamento de R$ 25,00, cada participante recebe mais seis convites impressos para chamar mais seis amigas trans/travestis, sendo que para cada Trans/travesti que  levar, ganha mais 25,00 por cada”, destaca. 

A pessoa que participa da ação passa por avaliações e consulta médica, tira dúvidas e recebe encaminhamentos necessários.

Projeto cuidador

A coordenadora do TRANSodara, Ana Rita Coimbra Motta de Castro, enfatiza que a população de travestis e mulheres trans (TrMT) tem sido desproporcionalmente afetada pelas IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis) em diversos países de baixa, média e alta renda. O projeto ESTUDO DE PREVALÊNCIA DA SÍFILIS E OUTRAS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS ENTRE TRAVESTIS E MULHERES TRANSEXUAIS NO BRASIL: CUIDADO E PREVENÇÃO visa estimar a prevalência da sífilis e de outras IST, especificamente: infecções causadas pelo HIV, Neisseria gonorrhoeae (NG), Chlamydia trachomatis (CT), Papiloma vírus humano (HPV), vírus da hepatite A (HAV), hepatite B (HBV) e hepatite C (HCV); bem como compreender os significados atribuídos à infecção por sífilis, entre travestis e mulheres trans (TrMT).

Além disso, pretende-se investigar: o acesso aos serviços de prevenção e tratamento à sífilis e a outras IST das TrMT recrutadas em cinco capitais brasileiras, a aceitabilidade de estratégias de prevenção e cuidado tipo “point-of-care” entre TrMT recrutadas, as barreiras para a realização de tratamento da sífilis e outras IST entre TrMT. 

A pesquisa também busca trazer compreensão sobre os itinerários terapêuticos (biomédicos ou não) associados à sífilis e outras IST, do diagnóstico ao tratamento, o acesso e o uso de serviços de prevenção e tratamento à sífilis e outras IST. Outro foco é identificar as barreiras relacionadas ao acesso à informação, testagem e tratamento para a sífilis e outras IST. 

O TRANSodara acontece em cinco capitais localizadas em cada uma das macrorregiões do Brasil: São Paulo (Sudeste), Porto Alegre (Sul), Salvador (Nordeste), Campo Grande (Centro-Oeste) e Manaus (Norte).  Primeiramente, as participantes são convidadas a responder um questionário, fornecer amostras biológicas para realização dos testes laboratoriais de sífilis, infecções causadas pelo HIV, NG, CT, HPV, HAV, HBV e HCV, receber atendimento médico com profissional especialista e receber a vacina contra hepatite B, HPV e hepatite A. Ao participar, as mulheres TRMT recebem um incentivo para pagamento de lanche e deslocamento e recebem também 6 convites que poderão ser entregues para mais 6 convidadas. As informações, de acordo com Ana Rita,  certamente irão contribuir para a melhoria da prevenção, do cuidado e tratamento oportuno da sífilis e outras IST entre as mulheres TrMT.

Impacto nacional

A coordenação nacional do projeto é conduzida pela pesquisadora Dra Maria Amélia Veras da Faculdade de Medicina da Santa Casa (São Paulo-SP). Recebe apoio financeiro do Departamento de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais – DIAHV – Ministério da Saúde e da Organização Pan-americana de Saúde – OPAS, além de contar com a parceria das Secretarias de saúde de Campo Grande (SESAU) e do Estado (SES-MS).

A equipe de profissionais é formada por pesquisadores de instituições de pesquisa e ensino (UFMS, Fiocruz-MS), ONGs (ATMS), SESAU e SES, Equipe: Coordenadora local: Ana Rita Coimbra Motta de Castro | Supervisor: Clarice Souza Pinto | Médico: Roberto Paulo Braz Júnior | Entrevistador: Gabriel Luis P. Nolasco | Coletadora: Grazielli Rocha de Rezende Romera | Apoio administrativo: Alessandra Salvatori | Laboratório: Gabriela Alves Cesar, Guilherme Rodrigues Passamani, Asher Brum, Gabriel Nolasco, Ariel Dorneles dos Santos, Cristiane Stefanny Vidal Venceslau e Rafael Ferreira.