Oscilação do dólar, poucas chuvas e inflação alta vão pesar no reajuste da luz

Reprodução/Internet
Reprodução/Internet

As oscilações no preço do dólar, a falta de chuvas e a inflação elevada devem trazer impactos ainda mais expressivos na formação da tarifa de energia elétrica que será divulgada no próximo dia 8 de abril em Mato Grosso do Sul. A estimativa do Conselho dos Consumidores da Área de Concessão da Energisa MS (Concen) é de que neste ano a tarifa suba até 11,9%, mas o temor é de que o índice possa ser até maior.

A previsão leva em conta a valorização do dólar, já que a energia é comprada de Itaipu; o risco hidrológico, ou seja, o baixo volume de chuvas registrado desde o ano passado nos reservatórios de hidrelétricas que obrigaram a maior uso de usinas termelétricas; e ainda o próprio índice que serve para correção de alguns elementos que compõem a tarifa, que é o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado). O IGP-M anual já está em 23,14% no ano. De acordo com a presidente do Conselho dos Consumidores da Área de Concessão da Energisa MS (Concen), Rosimeire Costa, no dia 8 de abril entrará em vigor o reajuste tarifário ordinário, que é feito anualmente. No ano passado o aumento ficou em 6,9% em MS, e só foi aplicado a partir de julho por conta da pandemia.

“A revisão tem um processo que nunca é índice sobre índice. Ou seja o governo vai olhar todo o sistema de correção. Mas o nosso temor é que o índice do contrato da Energisa é atrelado ao IGP-M, que está em 23% no ano. O Concen sempre defendeu que nao deveria ser utilizado um indice tão amplo como IGPM, por entendermos que existem uma série de situações contepladas no índice que não são improtantes para o cálculo da energia”, explicou.

Ela destaca que até 2013 a correção era feita com base no IPCA, mas com a mudança para a concessão da Energisa o índice foi alterado. “Ocorre que tivemos probemas na concessão. A empresa foi vendida para Energisa e eles nao fizeram, não foi ofertada a mudança para IPCA. Já falamos para a concessionária mudar a base de cálculo. Mas entendemos que só deveremos tentar esta mudança de indice em 2027”, salientou.

Problemas

Além do índice atrelado ao IGP-M, a advogada destaca ainda que o cenário de reajuste da tarifa inclui outros agravantes. O primeiro é o fato de a compra de energia de Itaipu ser paga em dólar. “Ou seja, a moeda teve uma grande valorização e um sobe e desce que afeta no valor da tarifa. Além disso temos o risco hidrológico, que representa 40% da formação do valor da tarifa. A queda no volume de chuvas afetou a capacidade dos reservatórios de águas nas hidrelétricas. Isso obrigou a maior uso das termelétricas que têm o custo de energia mais alto”, enfatizou.

“O risco hidrológico foi mais alto, no momento em que a gente tinha um organismo internacional que indicava que não teria falta de energia”, acrescentou.

Rosimeire alega ainda que não é justo que a correção de um serviço essencial como a energia seja elevada num período onde exisem 14 milhões de pessoas sem emprego e nova onda de coronavírus se avizinha. “Queremos rever todos os pontos por entender que não é justo que nesta situação de economia retraída e com aumento nos casos de COVID-19 que o reajuste seja elevado. Todas as pessoas precisam de energia na residência. Existe a sensibilidade no setor de antecipação de receita em cinco anos. Mas isso so vai começar a impactar em 2023. Até lá vamos acompoanhar para onde tiver queimar a gordurinha nas contas”, afirmou

Apesar de todos estes entraves, a presidente diz que vão continuar cuidando deste processo. “Nós do Concen, seja da área rural, industrial, comercial e principalmente residencial vamos lutar para que o reajuste anual não ultrapasse um dígito. O que pudermos fazer e intervir para mitigar o índice ao menor patamar possível nós vamos fazer”, concluiu.

(Texto: Rosana Siqueira)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *