No Dia da Gratidão, é importante reconhecer os benefícios e descartar sentimentos ruins

Quando exercida, a gratidão tem o poder de mudar a forma como se enxerga a vida, despertar sentimentos e fazer com que se abra para os bons sentimentos, como amar e ser amado. A gratidão não é uma palavra para substituir o “obrigado”, ela é, na verdade, uma grande energia que pode transformar a forma de sentir. E que tal aproveitar o começo do ano e o próprio Dia da Gratidão, comemorado hoje, para colocá-la em prática?

Apesar de muitos considerarem difícil se sentir grato após um ano conturbado como 2020, marcado pela pandemia da COVID-19 e os desdobramentos que isso causou, como milhares de mortes, crise econômica e o isolamento social, a gratidão é uma das formas de transformar os momentos de dor em aprendizado.

A psicóloga Vallesca dos Santos explica que a gratidão também é o ato de reconhecer algo que trouxe benefícios, e agradecer pode descartar sentimentos ruins. Com isso fora de foco, a atenção se volta para as coisas boas e ser grato é ser positivo, o que influencia totalmente na maneira de lidar com a vida no dia a dia.

“O ser humano em si já tem uma tendência a lembrar de tudo que é negativo e ficar remoendo esse sentimento, talvez com o intuito de aliviar a sensação. Por isso, quando falamos na prática da gratidão, encontramos dificuldades. E essa dificuldade vem porque não nos atentamos às coisas boas que a vida pode oferecer”, destacou.

Ela pontua, ainda, que é uma tendência do ser humano buscar por algo grandioso e não conseguir perceber as pequenas conquistas cotidianas. “É aí que entra a importância da gratidão. Saber identificar nas pequenas coisas e gestos algo que te faça sentir bem e sempre tentar perceber qual foi sua parcela de participação nessa ação”, concluiu a psicóloga.

Linha de frente

Para aqueles que trabalham na linha de frente do enfrentamento à COVID-19, os motivos para ser gratos são os mais diversos. A médica Silvana Mendonça Demeis, do hHospital Unimed em Campo Grande, relata que, durante o ano passado, existiram fases em que diversos sentimentos vieram à tona.

Entre eles estão o medo de a doença atingir os familiares, a tristeza pelo momento enfrentado, a compaixão com a situação dos pacientes e a alegria em ver a recuperação, após a luta para vencer os efeitos colaterais da COVID.

“Mas o que mais me impactou foi o reconhecimento e a gratidão expressados pelos pacientes perante os esforços realizados diante de uma doença cruel. A gratidão é algo para ser lembrado, valorizado e honrado. Embora esse sentimento deva ser exercitado como prática de vida, ter um dia para potencializá-la, certamente, é bem-vindo”, contou.

A fisioterapeuta Claudilene Buceli conta que o último ano foi conturbado para todos os profissionais de saúde, que enfrentam desafios que foram se transformando com o passar dos dias. No início, vinha a incerteza pela doença desconhecida, em que tudo era muito novo. Hoje, apesar de já existir mais informações sobre o vírus, vem o desgaste dos profissionais, que têm se desdobrado em plantões extensos.

Buceli revela que, além de lidar com a carga horária estendida, os profissionais da saúde também acabam afetados pelas perdas que são registradas nos hospitais. Vivenciar a perda de um paciente e as dores das famílias é um momento de fragilidade também para aqueles que são responsáveis pelo tratamento.

“Esse é um momento de experiência e conhecimento humano, em que é preciso lidar, além dos seus sentimentos, com os que vêm da família, dos colegas de trabalho. Então, é um momento de extremo aprendizado e de extrema gratidão, pela vida, pela vida dos pacientes e das pequenas vitórias, como as melhoras que eles registram no dia a dia”, pontuou.

Texto: Amanda Amorim

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