Compra da CoronaVac custará R$100 mi para MS

Governo estadual e prefeitura estão negociando doses por conta própria

Mato Grosso do Sul é um dos estados já iniciou a busca pela vacina contra a COVID-19. O anúncio de que a CoronaVac pode ser aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) até o 25 de janeiro com distribuição para o restante do país trouxe esperança para os sul-mato-grossenses.

Com a corrida pelo imunizante, o governo estadual garantiu que as doses serão adquiridas mesmo sem a distribuição pelo Ministério da Saúde. Postura semelhante foi anunciada pela prefeitura de Campo Grande ontem (8), que informou que o prefeito Marquinhos Trad já iniciou um diálogo com o governo de São Paulo para aquisição do produto.

O anúncio sobre a possível liberação da vacina, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, foi feito pelo governador de São Paulo, João Dória, que espera iniciar a vacinação no dia 25 de janeiro. Com possibilidade de distribuição do imunizante para outros estados, governador Reinaldo Azambuja informou que vai adquirir alguma vacina para o Mato Grosso do Sul, independente de sua origem.

Em entrevista à FM Capital ontem, Azambuja garantiu que o Estado tem dinheiro para aquisição da vacina, mas defendeu que a vacinação seja feita pelo Ministério da Saúde através do PNI (Programa Nacional de Imunizações). O governador destacou que para uma imunização para grupos prioritários em MS, pelo menos 700 mil doses devem ser adquiridas. São contemplados neste público os idosos, acima de 70 anos, índios e profissionais de saúde e de educação.

“Se o Ministério não fizer a coordenação ou não aceitar a paternidade de alguma vacina que possa ser aprovada, não tenha dúvida que nós vamos adquirir para Mato Grosso do Sul. Vamos comprar e disponibilizar para o Plano de Vacinação, que deveria ser organizado pelo Ministro da Saúde”, afirmou.

Azambuja ressaltou que já iniciou o diálogo com o governo de São Paulo para adquirir a vacina. “Já conversei com São Paulo, com o João Dória e a equipe do Butantan da possibilidade. Agora, o Plano Nacional de Imunização, quem coordena é o Ministério da Saúde”.

A possibilidade de imunização apenas do grupo de risco é o “plano B” do Estado, segundo o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende. “A implantação da vacinação em São Paulo será uma correria e uma pressão enorme. Nós vamos construir um plano B caso seja necessário, para que a gente possa imunizar em parceira com o estado de São Paulo pelo menos a população de risco no Mato Grosso do Sul”, afirmou Resende.

No mesmo dia, o governador do Estado junto com o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, participaram de uma reunião virtual com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

Durante o encontro, Pazuello disse que até o fim de fevereiro pode ter uma vacina aprovada no Brasil. Além disso, foi destacado que um acordo com a Oxford/AstraZeneca foi firmado para aquisição de 160 milhões de doses assim como a adesão ao consórcio Covax Facility para adquirir mais 42 milhões de doses. A quantidade é insuficiente para imunizar toda a população do país.

Por parte de Campo Grande, a prefeitura informou que o prefeito está iniciou a conversa para uma possível compra da CoronaVac. Detalhes como número de doses e investimentos ainda não foram divulgados até a conclusão desta reportagem.

Dia histórico

Na manhã de ontem (8), Margaret Keenan, uma britânica de 90 anos, se tornou a primeira pessoa do mundo a receber a vacina Pfizer contra a COVID-19, fora de um ensaio clínico. A aposentada recebeu a dose no hospital da região onde mora, em Coventry, no centro da Inglaterra.

O Reino Unido encomendou doses da vacina Pfizer suficientes para 20 milhões de pessoas. O governo britânico já disse que os primeiros a receber a vacina serão os profissionais de saúde, seguidos por idosos. São necessárias duas doses, com intervalo de três semanas para proteção.

Para a infectologista e pesquisadora da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Ana Lúcia Lyrio, essa terça-feira foi um dia histórico. “É um marco porque já está provado que desde o século XIX, a imunização é o que realmente vai fazer com que a gente consiga voltar com as atividades normais. Temos um bom começo”, reiterou.

Conforme a infectologista e integrante do COE (Centro de Operações de Emergência Coronavírus), Mariana Croda, o início da vacinação contra a COVID-19 representa esperança no enfrentamento à doença. “Realmente é um dia histórico, nós esperamos durante todos esses meses por essa notícia. E confiar que países de primeiro mundo vão fazer isso de forma ordenada é muito bom”, afirmou.

Croda ressaltou que para a comunidade científica, o início da vacinação é muito animador, por esta ser a solução permanente contra o coronavírus.

Testes da CoronaVac

Em fase de teste em Campo Grande, a vacina CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, tem se mostrado segura, sem reações adversas nos voluntários, conforme Lyrio. Na Capital, 234 profissionais da saúde já receberam as doses do imunizante ou placebo.

Com os testes se encaminhando para a fase final do estudo, Ana Lýrio adiantou que a fase de inclusão de novos voluntários na pesquisa poderá ser encerrada na próxima semana. Os dados da pesquisa já foram encaminhados para uma agência independente para que a eficácia da vacina seja verificada e a resposta deve ser divulgada nos próximos dias.

(Texto: Mariana Moreira com Raiane Carneiro)

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