“Supersafra” de maconha no Paraguai faz apreensões baterem recordes em MS

Em todo 2019, polícia apreendeu 369 toneladas da droga ao passo que, em 2020, já são 688 toneladas

Os números em uma primeira leitura assustam: em todo o ano de 2019, as forças de segurança de Mato Grosso do Sul apreenderam 369,5 toneladas de drogas. Neste ano, segundo dados divulgados até o último dia 22, ou seja, menos de 40 dias para 2021, já são 688,7 toneladas flagradas pelas polícias. Quase o dobro.

Para explicar o crescimento excepcional, é necessário esmiuçar os dados. Do montante apreendido neste ano, a imensa maioria, 685,3 toneladas no caso, é de maconha. E especialistas ouvidos pelo O Estado apontam que a tentativa desenfreada dos traficantes em desovar a produção no Paraguai pode estar relacionada ao recorde.

É o que os policiais chamam de “supersafra”. Ou seja, com as atividades de fiscalização do plantio da droga no país vizinho paralisadas durante o auge da pandemia da COVID-19, entre março e setembro, houve uma corrida dos traficantes para desovar o produto que se tornou farto.

“Dobrar a quantidade apreendida não é normal. Houve uma supersafra”, afirmou o coronel da Polícia Militar, Wagner Ferreira da Silva, diretor do DOF-MS (Departamento de Operações de Fronteiras do Mato Grosso do Sul), órgão estadual que realiza ações de combate ao tráfico entre Brasil e Paraguai. “Historicamente, as apreensões crescem até 20% ao ano. Este ano é um fenômeno”.

Como o Paraguai fechou suas fronteiras durante a crise causada pelo coronavírus, foram suspensas as operações conjuntas da polícia local com as autoridades brasileiras. Há pelo menos três anos está em vigor termo de cooperação que busca combater o plantio de maconha no país vizinho, que tem clima e solo favoráveis.

O ciclo de cultivo dura aproximadamente 120 dias, tempo mais do que suficiente para garantir o estoque das quadrilhas visando abastecer o mercado, com demanda alta pela droga durante a pandemia.

De acordo com a Polícia Federal, a operação Nova Aliança, como é chamada, tem de quatro a seis fases anualmente. Em 2020, porém, só uma fase foi realizada, em agosto.

“Em virtude da pandemia, ocorreram restrições na fronteira entre o Brasil e o Paraguai, o que impossibilitou a execução de, ao menos, três fases da erradicação do cultivo de maconha”, justificou a PF.

Trabalhos de fiscalização retomados no Paraguai, a realidade voltou ao normal nos números. Somente na última semana, por exemplo, a Senad (Secretaria Nacional Antidrogas), órgão anti-drogas do país vizinho, desarticulou duas fazendas de plantação de maconha na área de fronteira de Mato Grosso do Sul, com mais de 12 toneladas da droga apreendidas.

Em uma das propriedades rurais, em Bella Vista Norte, o acampamento de 10 hectares contava com gerador de energia, podia abrigar até 15 pessoas e tinha, além do maquinário para prensagem, 30 quilos de semente.

Atuação

Para o comandante do DOF (Departamento de Operações de Fronteiras do Mato Grosso do Sul), Wagner Ferreira da Silva, as informações da “supersafra” auxiliaram o trabalho de inteligência, no sentido de direcionar o policiamento pelas vias de MS e, desta forma, realizar as apreensões.

Com a pandemia, as estradas diminuíram seu fluxo, concedendo às autoridades formas mais abrangentes de fiscalização e identificação dos transportes feitos pelo tráfico.”As rodovias ficaram vazias”, explicou Silva. “Ficou mais fácil parar e checar veículos que ainda estavam transitando, o que levou a mais apreensões. É um trabalho fruto do aprimoramento da política estadual de enfrentamento de enfrentamento da criminalidade na fronteira”.

Tamanha dedicação à inteligência rendeu frutos. As duas maiores apreensões de maconha da história do Brasil ocorreram esse ano, em Mato Grosso do Sul. Em agosto, 33 toneladas da droga foram localizadas em uma carreta em estrada vicinal nas cercanias da MS-166, em Maracaju. Dois homens que estavam em um veículo fazendo a “segurança” da carga foram presos.

O recorde anterior era de abril, quando 28 toneladas de maconha foram localizadas em Iguatemi, durante operação conjunta entre a PF e a Polícia Rodoviária Federal. Acesse mais informações.

(Texto: Rafael Ribeiro)

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