Sistemas de radares da fronteira devem ser entregues em 2021

Forças Armadas ainda realizam treinamento de militares que atuarão em Porto Murtinho e Ponta Porã

A FAB (Força Aérea Brasileira) promete inaugurar até o primeiro semestre do ano que vem os outros dois sistemas de radares aéreos que, aliados ao inaugurado em agosto em Corumbá, deverão cobrir o total de 463 quilômetros de toda a extensão da fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai e Bolívia. Orçados em R$ 84 milhões, os equipamentos serão operacionalizados em Porto Murtinho e Ponta Porã.

A informação foi divulgada ao O Estado pela própria FAB. Os três locais foram escolhidos pelo fato de serem considerados corredores aéreos do tráfico de drogas, com grande número de entradas irregulares de aviões no país. Juntos, os três sistemas terão um custo total de R$ 127 milhões.

“Com a entrada em funcionamento destes radares, cobrindo as altitudes e as condições mencionadas, a FAB consegue uma abrangência de vigilância do espaço aéreo capaz de apontar todos os tipos de aeronaves voando na sua área de cobertura. Com isso, as decisões de natureza operacional, seja pensando em controle, seja pensando em defesa, podem ser tomadas, tempestivamente, e de forma bastante efetiva”, diz nota enviada pela FAB.

Juntos em operação, os três sistemas de radares possibilitarão a vigilância de uma área de cerca de 635 mil quilômetros quadrados, além da possibilidade de detecção de alvos em alta e baixa altitude, que estejam em alta velocidade ou em voo pairado. “Com isso, amplia-se o alto nível de serviços de navegação aérea para esta região”, aponta a FAB.

Todos os radares funcionarão como o equipamento de Corumbá: atuando na vigilância de rota com duas famílias que operam sempre juntos no Controle de Tráfego Aéreo na região. Cada sistema de radar é composto de duas unidades: um radar primário LP23SST-NG e um radar secundário RSM970S. Cada um funciona, de maneira simplificada.

Radar primário ou alvo: é aquele que pega qualquer coisa no caminho. É uma onda eletromagnética que bate no obstáculo (aeronave, prédio, bando de pássaros, montanha) e retorna, registrando os dados na tela do operador. Se assemelha ao sonar de um submarino e tem grandes áreas de cobertura.

Radar secundário: funciona associado ao radar primário e faz a comunicação com o transponder do avião. Ele troca informações eletrônicas com o transponder para descobrir dados com altitude, velocidade e outros itens.

“A aquisição das capacidades advindas da operação desses radares norteia-se por um coerente alinhamento com os objetivos da Estratégia Nacional de Defesa, que considera a vigilância do espaço aéreo a primeira das responsabilidades e condicionante para consolidação das demais tarefas da Força Aérea Brasileira”, disse o comandante da Aeronaútica, tenente-brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez.

As interceptações de voos clandestinos, muitos deles a serviço do crime organizado, geralmente são feitas por aeronaves de caças A-29 Super Tucano, com o apoio da aeronave E-99, radar que participa das atividades de controle do espaço aéreo brasileiro. “O efeito da instalação dos radares na fronteira no combate ao tráfico de drogas pode representar um aumento no número de apreensões. A existência destes radares vai diminuir a frequência de voos transportando drogas no país”, completou Bermudez.

Os militares brasileiros acreditam em um efeito semelhante ao ocorrido na Colômbia, que instalou diversos desses radares em seu território e diminuiu drasticamente o transporte de drogas pelo meio aéreo.

Somente neste ano, segundo a FAB, foram interceptadas mais de 3,5 toneladas de cocaína em voos clandestinos da Bolívia para o Brasil, por meio das unidades de caça, na maioria das vezes interceptações do Esquadrão Flecha, da Ala 5 (antiga Base Aérea de Campo Grande).

O secretário de Estado da Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, disse que espera por uma maior integração das forças federais de segurança com o Estado e que é elogiosa a entrada das Forças Armadas na luta contra o tráfico,

“A integração deve haver das forças estaduais dos estados, das forças federais e das Forças Armadas. As Forças Armadas tem como atribuição em qualquer país do mundo proteger as fronteiras e a população brasileira do inimigo em comum de todos, que é o traficante, o crime organizado. Essa integração permite uma otimização de recursos, potenciar os resultados e diminuir os custos. Esse resultado você não vê só aqui, o recorde de apreensão de drogas no Mato Grosso do Sul não é só dele, mas do grande centro consumidor, no Sul, Sudeste e Nordeste”, destacou.

(Texto: Rafael Ribeiro)

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