Capital tem obrigação de ter time na luta por acesso, diz dirigente do Águia

Clube do interior é o único de MS em ação no cenário nacional deste ano

O Águia Negra entra em campo hoje (19), às 16h, diante do União Rondonópolis, no Estádio Luthero Lopes, na cidade mato-grossense, a 495 km de Campo Grande, e a 650 km de Rio Brilhante. Atual campeão sul-mato-grossense, o Rubro- -Negro estreia hoje no Campeonato Brasileiro da Série D como o único time do Estado ainda em ação no cenário nacional desta temporada. 

Na quinta-feira, antes do embarque da delegação rumo a Mato Grosso, o presidente do Águia, Iliê Vidal, argumentou que, aos clubes de cidades como Rio Brilhante e Aquidauana, “não pode ser exigida de nós uma responsabilidade de fazer um time para subir para a Série C”. Em entrevista à reportagem, por telefone, na quinta-feira, o dirigente foi questionado se acha justo o “bombardeio” sofrido pelo Aquidauanense por optar em colocar time sub-20 na Série D para reduzir as despesas, e priorizar o Estadual porque vale vaga para a Copa do Brasil, torneio mais rentável.

“A gente não pode analisar a vida dos outros se não está lá dentro. Eu sei o quanto é difícil. Aqui, só temos alguma coisa porque passamos de fase na Copa do Brasil (eliminou o Sampaio Corrêa-MA na estreia e foi derrotado pela Ferroviária- -SP na sequência). Daí vamos ter uma pequena condição de disputar a Série D. Não tem renda nenhuma, só despesa”, fala Iliê.

“Aí o pessoal bombardeia, que é errado, é isso, é aquilo. Mas a gente não vê aparecer patrocínio, governo ajudando. No Espírito Santo, o governo investe 500 mil em cada clube”, acrescenta. Para o cartola do Águia, o fato de a cidade de Rio Brilhante ser “pequena” também pesa. “A gente não tem um comércio grande, uma indústria grande, para você investir em patrocínio com eles. Acho que uma cidade como Campo Grande, Dourados, teria por obrigação um time brigando pelo acesso a Série C, pelo universo do comércio, das indústrias, de toda a riqueza que gera uma cidade grande”, declarou. 

O dinheiro da premiação ‘já foi’

Segundo Iliê, boa parte da premiação obtida na Copa do Brasil foi para o pagamento de dívidas. “O Águia Negra tinha quase 400 mil de dívida, desde 2016, como dinheiro emprestado para pagar jogador, ficamos devendo na cidade, até mesmo com agiota. Dívidas de aluguel de casa, de energia, dívida trabalhista de um jogador que entrou na Justiça, premiação ainda do título de 2019, prometida para pagar quando viesse o dinheiro da Copa do Brasil”, diz o presidente do Rubro- -Negro. 

Além disso, aproveita para elencar o pacote de gastos: desconto do sindicato dos jogadores, INSS, 115 mil de premiação para os jogadores por terem passado de fase, folha de pagamento do Estadual de 120 mil reais por quatro meses, até abril. 

“Aí você tem despesa com alimentação, ônibus para viajar no Estadual, despesa com a federação para transferência de jogadores, aluguel de casa, passagens para jogador para vir, para ir embora. O que a gente recebeu, quase um milhão da Copa do Brasil (segundo a CBF, o valor total bruto é de R$ 1,19 mi), não é igual a um troféu que você ganha e guarda lá na sala do clube”, defende- -se Iliê. 

“Esse dinheiro vai para a conta para você manter o clube novamente na competição de 2020. E, sobrou alguma coisa, além dos 120 mil reais de ajuda da Série D (a CBF destinou o valor para todos os times inscritos no torneio como ajuda diante da pandemia). Ainda sobrou recurso para a gente terminar o Estadual até dezembro”, acrescenta e deixa claro que o objetivo principal pela sobrevivência financeira é outro torneio.

“Se você analisar tudo o que eu disse, vê que o dinheiro já foi, né. A gente teria de vencer novamente o Estadual para a gente ter um caixa de novo com a Copa do Brasil do ano que vem.” 

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(Texto: Luciano Shakihama)

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