Na contramão da greve dos Correios, setor privado mira expansão

Contrários à suspensão de 70 cláusulas do acordo coletivo firmado no ano passado, os funcionários dos Correios decretaram greve nacional na noite do último dia 17. Completadas duas semanas da decisão, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) propôs um acordo que prevê a renovação das 79 cláusulas vigentes do acordo coletivo da categoria com a possibilidade de vetar reajustes nas cláusulas econômicas. A estatal, por sua vez, negou, e o impasse se manteve.

Com o monopólio da entrega de correspondências nas mãos e a responsabilidade por grande parte das entregas do e-commerce — 75% nas microempresas de acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico –, a paralisação teria potencial para comprometer o bom funcionamento desses negócios, sobretudo numa pandemia.

É justamente esse espaço que as operadoras logísticas privadas querem preencher, com a renovação de frotas e a modernização dos processos, ainda que admitam que não seja possível competir nos preços. “A atividade dos Correios é garantida pela Constituição, portanto, nem entrarei nesse mérito, mas o que nós enfrentamos no setor privado é uma concorrência desleal. Os Correios não pagam tributos, impostos e não param em barreiras fiscais, por exemplo. Participam do mesmo ecossistema que o nosso mas com vantagens indevidas”, afirmou Cesar Meireles, diretor-presidente e CEO da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol).

“Agora, sobre a greve, nós somos plenamente capazes de suprir a demanda com a nossa atual capacidade operacional. Se houver um hiato, um espaço vazio, os operadores logísticos vão suprir. Não vejo questões insolúveis nesse campo.” A entidade estima que o faturamento do setor foi de 100,8 bilhões de reais em 2019, um crescimento de 21% na comparação com o ano anterior.

O órgão ainda calcula que o setor gera aproximadamente 1,5 milhão de postos de trabalho diretos e indiretos, além de arrecadar 14,7 bilhões em tributos e 11,5 bilhões em encargos trabalhistas por ano. O levantamento engloba 275 empresas e foi publicado no começo de agosto.

(Com informações: VEJA)

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