Aquela imagem de pessoas multitalentosas e símbolos de autoconfiança muitas vezes carrega uma grande insegurança, ou são tão comuns quanto qualquer um.  Neste novo século estamos aprendendo a lidar melhor com nossas emoções e até mesmo evoluindo gradativamente na lida com o social. Uma das figuras marcantes do século passado, que esbanja simplicidade e mesmo assim está nas maiores franquias e fazendo sucesso em tudo que se envolve até hoje, é Bill Murray. Um ator/comediante com um talento incrível e uma grande despreocupação com sua imagem na mídia. 

De “Os caça-fantasmas” a “Encontros e Desencontros” ele atrai os bons ares, e o que há de melhor nas pessoas. Também é queridinho de diretores como Wes Anderson, que tem um papel para ele em quase todas as suas produções. Bill usa um pouco de sua personalidade em personagens que estão fugindo dessa normalidade que nos é imposta. 

Bob Harris de “Encontros e Desencontros” (2004) está flutuando entre sua carreira e ganhar uma boa grana fazendo propaganda de uísque, e por mais que tenha uma vida sólida nos Estados Unidos, experimentar aquela realidade de alguns dias lhe parece conveniente, e até mesmo o contato com o amor líquido não é motivo suficiente para tirá-lo dos trilhos. “Um Santo Vizinho” (2014) ele demonstra um desprezo pela status quo e como as pessoas mais próximas o veem, o dilema aqui é como um homem que não teve muitas aspirações na vida tenta retomar o mínimo de gosto pela mesma. 

Mesmo que tudo seja um montar e desmontar e que cada vez seja mais custosa que a outra. O Bill traz muito desse descontento sem ser massivo ou palestrar por horas sobre como não controlamos nosso pequeno o universo. Ele é mais do tipo: vá e faça e tente não reclamar muito, porque o tempo que se leva para reclamar poderia estar fazendo outra coisa mais relevante. 

(Confira mais na página C2 da versão digital do jornal O Estado)