Queimadas são o novo fator de risco para saúde da população

Mato Grosso do Sul está enfrentando duas situações complicadas na área de saúde. Além da pandemia de Coronavírus que vem aumentando, o advento das queimadas no Pantanal, pode agravar a crise e fragilizar ainda mais a população de Corumbá, Ladário e região.

O aumento na procura por atendimentos nas unidades básicas de saúde, por causa de doenças relacionadas à qualidade do ar, e os indicadores climáticos que preveem piora na estiagem, foram inclusive alguns dos motivos que levaram o governador Reinaldo Azambuja a decretar Estado de emergência.

A fumaça das queimadas eleva os problemas respiratórios e, consequentemente, faz crescer a procura por serviços de saúde por causa de complicações respiratórias. Ao analisarmos este contexto ele se torna ainda mais delicado ao se levar em conta a pandemia do novo coronavírus.,

Sem especialistas na área de pneumologia na rede pública de saúde na região, os pacientes em estado crítico normalmente são encaminhados para Campo Grande. O problema é que os leitos hospitalares na capital já está numa situação bastante delicada.

Complicações

Segundo a médica pneumologista, Eliana Setti Albuquerque Aguiar, quando inalada, a fumaça provoca irritação das vias aéreas principalmente porque ela contém materiais poluentes.

A população mais afetada são os extremos de idade: crianças, idosos além de pessoas com problemas cardíacos. Mas isto, segundo ela, não significa que ela não agrida outras pessoas, mesmo estando saudáveis.

“Quanto mais perto da fuligem, maior é o perigo”, explica a médica, lembrando inclusive o risco que correm os bombeiros e os agricultores que moram próximo aos locais dos incêndios. De acordo com Eliana, a fuligem pode bloquear o sistema de filtragem do ar que respiramos (que são os pelos das narinas). E este bloqueio, que comumente chamamos de nariz entupido, leva as pessoas a respirar pela boca levando o ar poluído diretamente para os pulmões.

O agravamento das doenças respiratórias pode levar o paciente a necessitar do mesmo equipamento usado no tratamento da Covid 19: os essenciais respiradores. Alguns sintomas também são parecidos: dor na garganta, tosse seca, cansaço, falta de ar, dificuldade para respirar, dor de cabeça, rouquidão e lacrimejamento e vermelhidão nos olhos. São sintomalogias que se misturam, explicou a infectologista.

No caso das queimadas, os sintomas variam de pessoa para pessoa e dependem do tempo de contato com a fumaça. “A tendência é que ela afete mais aqueles que estão mais próximos como bombeiros e agricultores que vivem na região”, atesta. Pessoas com doenças prévias como rinite, asma, bronquite e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) são os mais sensíveis e propensos a quadros mais agudos.

Não há como se prevenir contra as queimadas, mas existem formas de prevenir contra as doenças respiratórias. A médica pneumologista recomenda o uso intermitente de umidificadores, principalmente onde há crianças. Isto porque a criança não pede para beber água e o nosso organismo está muito seco. Beber bastante água e, se possível, se afastar de lugares afetados pelo calor do fogo.

(Texto: João Fernandes com assessoria)

 

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