“De Volta Para o Futuro”: 35 anos de um clássico da cultura pop que continua encantando gerações

Quem nunca sonhou em viajar no tempo? Seja voltar ao passado para consertar algo que não saiu como o combinado, ou quem sabe ver os pais jovens começando a namorar. E ir para o futuro? Imagine poder saber como estará nosso país daqui há 30 anos, ou conhecer de perto as evoluções tecnológicas do planeta, que ainda não chegaram por aqui! Se viajar no tempo ainda não é possível em 2020, em 1985 “De Volta Para o Futuro” fez muita gente sonhar e se tornou um ícone da cultura pop. O primeiro filme da trilogia estreava nos Estados Unidos há 35 anos, no dia 3 de julho.

Dirigido por Robert Zemeckis e escrito por Zemeckis e Bob Gale. O filme é estrelado por Michael J. Fox, Christopher Lloyd, Lea Thompson, Crispin Glover e Thomas F. Wilson. A trama conta a história de Marty McFly (Michael J. Fox), um adolescente que inevitavelmente volta no tempo até 1955. Ele conhece seus futuros pais no colégio e acidentalmente faz sua futura mãe ficar romanticamente interessada por ele. Marty deve consertar o dano na história fazendo com que seus pais se apaixonem e, com a ajuda do Dr. Emmett Brown (Christopher Lloyd), encontrar um modo de voltar para 1985.

“De Volta para o Futuro” foi um sucesso gigantesco no ano em que foi lançado. Filme de maior sucesso do ano, arrecadou mais de US$ 380 milhões em bilheteria e recebeu aclamação pela crítica. Venceu o Hugo Award de Melhor filme de drama e o Saturn Award de Melhor Filme de Ficção Científica, como também indicações ao Oscar, ao Golden Globe e outros. Até o então presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan citou o filme em seu “Discurso sobre o Estado da União” em 1986. 

Em 2007, a Biblioteca do Congresso estadunidense selecionou o filme para preservação no National Film Registry, e em junho de 2008 a American Film Institute o reconheceu como o 10º melhor filme de ficção científica estadunidense. O filme culminou no início de uma franquia, com as sequências “De Volta para o Futuro II” e “De Volta para o Futuro III”, assim como uma série de desenhos, um brinquedo de parque de diversões, games e até peça de teatro musical.

Outro grande barato de “De Volta para o Futuro” foram algumas previsões que a sequência apresentou ao mundo diretamente do futuro. Desde os drones que no longa serviam para levar cachorros para passear, óculos de realidade virtual, no filme usado para fazer ligações, hoje popular em games e até em tratamentos médicos, a tela plana e carros voadores que já começam a ser projetados por aí. Pode se dizer que a obra de Robert Zemeckis foi visionária, embora algumas previsões ainda não se concretizaram como é o caso do skate voador, mas tudo bem. O diretor está perdoado pois brindou gerações com uma das franquias mais fantásticas da história da sétima arte.

O Jornal O Estado conversou com o jornalista e radialista CLayton Sales, que apresenta o programa “O Assunto é Cinema” na FM 104, onde além de comentar curiosidades sobre produções cinematográficas, faz resenhas radiofônicas sobre os lançamentos nos cinemas e nos serviços de streaming. Clayton comentou sobre a obra e seu significado na cultura pop. 

“O filme ‘De Volta para o Futuro’ é um dos muitos filmes que consolidaram o cinema de entretenimento americano dos anos 1980. Em plena Era Ronald Reagan, em que o governo americano tentava vender a imagem de um país próspero e em paz, uma fantasia de terra da liberdade e das oportunidades, a cristalização do tal ‘sonho americano’ graças às glórias do capitalismo, ‘De Volta para o Futuro’ foi a distração perfeita, inclusive com esse uso político por parte do então presidente dos EUA, que dizia gostar muito do filme. É cinema em alto astral e sem muitos compromissos críticos, cuja fantasia transporta para longe da realidade através do tempo, claro, de tempos dourados da cultura americana. Além disso, usa muita habilidade a ideia de viajar no tempo, semeada no século 19 pela literatura de ficção científica de H.G. Wells, para plantar uma mensagem pretensamente motivadora de que é possível reescrevermos nossa história, se não pegando um DeLorean, tomando o destino em nossas mãos. O cinema da Era Reagan, dos anos 1980, era isso: uma coleção de escapismos com alguns filmes que conseguiram unir excelência técnica e qualidade narrativa. ‘De Volta para o Futuro’ foi um deles. Além disso, a produção dirigida por Robert Zemeckis é hoje um ícone da Cultura Nerd e, se muitos quarentões e cinquentões da atualidade se divertiram andando de skate na juventude, provavelmente, Marty McFly colaborou para essa diversão”. Apontou o jornalista.

E já que estamos falando de filmes, nada como ter a opinião de quem faz cinema. Filipe Silveira, o jovem cineasta premiado de Mato Grosso do Sul, falou sobre o impacto que o filme “De Volta para o Futuro” trouxe para sua vida.

“De Volta para o Futuro’ é uma pérola. Onde o Steven Spielberg bota o dedo, eu já sou fã. A década de 1980 foi a era dos blockbusters dos sonhos. Tinha ‘Goonies’, ‘ET’, ‘Indiana Jones’. Todos com o toque do Spielberg. Embora o ‘De Volta para o Futuro’ seja do  Robert Zemeckis, ele é produzido pelo Spielberg, que ganhou até uma homenagem no segundo filme da franquia com a holografia do filme Tubarão, no cinema do futuro. Eu tenho um carinho muito especial por essa franquia, que não conheci pelo cinema, pois era muito pequeno. Foi pela televisão, possivelmente na ‘Sessão da Tarde’ que assisti primeiro ‘De Volta para o Futuro II’ e depois que fui assistir o filme de 1985. Nessa época ou assistia na televisão ou locava fitas de videocassete. Eu acho o filme incrível, até porque ele já era pensado para ser sequencial. Quando acaba um filme a cena final já é uma deixa para a sequência. Parece que filmaram um atrás do outro. Para época isso era impressionante. Além da produção impecável, o elenco, trilha sonora e roteiro muito bons, com essas teorias de viagem no tempo e as previsões tecnológicas que o filme propõe. Poxa eu quero aquele tênis do Marty McFly que ajusta sozinho! Ou quem sabe saia um projeto do skate voador, só espero que inventem antes que eu faça 50 anos. Com certeza se dependesse de Hollywwod já teriam feito um remake, mas existem filmes que não devem ter remake. É uma trilogia perfeita. ‘De volta para o Futuro’ é perfeito do jeito que está”, conclui o cineasta.

Quem também deu seu pitaco profissional foi a cineasta Marinete Pinheiro, grande difusora da cultura regional em suas produções.

 “No primeiro filme eu tinha apenas quatro anos, no segundo tinha nove. Mas esse é o típico filme clássico que passa de gerações em gerações. Então a gente vê, esse tipo de filme, seja pela trilha sonora, seja pelos anos 2000 – que talvez nunca chegasse -, essa expectativa de fim do mundo, essa ilusão toda que a gente tinha e vai construindo a cada década, o filme sempre traz uma memória para a gente e acaba se tornando esse clássico que precisa ser visto, revisto e que passa por várias gerações. A gente senta e assiste a trilogia, porque, todo mundo fala de ‘De Volta Para o Futuro’, para mim o primeiro é o melhor de todos. Mas a gente sempre volta nisso de que são filmes como outros clássicos do cinema, que contam uma história em um período passado mas ele se renova. E também o clássico tem aquela coisa, você tem uma série de informações sobre o filme, conhece os personagens que rondam por aí, a história. Mas tenho as memórias desses filme, que sempre voltam. Tenho uma filha de 19 anos e me lembro dela falando que tinha visto esse filme agora, anos e anos depois. Nem foi dessa geração que viu esses filmes nascerem, ela não tinha nascido ainda que é dos anos 2000, mas traz esse filme assim como outros que sobrevivem ao tempo. Essa é a grande característica dos clássicos, seja na literatura, cinema ou em outras artes”. Finaliza Marinete.

A verdade é que passados 35 anos, “De Volta para o Futuro” continua encantando gerações e está marcado nos corações e mentes de pessoas que viajaram no tempo com Marty McFly e com o Dr. Emmett Brown em um DeLorean DMC-12 movido a plutônio, mesmo que em um sonho de infância.

(Texto: Marcelo Rezende e Leo Ribeiro)

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