Covid-19: Secretário teme que julho ‘seja de muita agonia’ em MS

O aumento expressivo de infectados, internados e mortes comprovou as projeções feitas pelas autoridades de saúde. Somente em junho, foram registradas 35 mortes. A rápida propagação do vírus aliada ao baixo isolamento social devem trazer dias ainda mais difíceis. Em entrevista ao jornal O Estado, o secretário de Saúde, Geraldo Resende, disse que julho será ainda pior.

“Acredito que os dias vindouros serão dias terríveis aqui no Mato Grosso do Sul. Apesar dos apelos que estamos fazendo há quatro meses, a população está ignorando esses apelos, não dá contribuição alguma”, avaliou. “O mês de julho será um mês de muita agonia para os gestores de saúde”, acrescentou. O atual cenário da pandemia levou o Estado a anunciar a abertura do hospital de campanha do HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) que deve ocorrer nesta semana.

Ontem também completou 100 dias dos dois primeiros casos de COVID-19 confirmados no Estado, atendidos na Capital. Desde então, os números subiram, inicialmente, de forma moderada, até criar recordes consecutivos em cada atualização de boletim epidemiológico. No dia 14 de abril, o Estado registrava quatro mortes, 997 casos notificados com 115 confirmados.

Neste período, o número de recuperados ainda era maior que o de infectados, com 39 sem sintomas. Mais 30 dias depois, eram 4.338 notificações com 452 confirmados e 78 suspeitos. Até o dia 14 de maio, eram 14 mortos por COVID. Em junho, até o último dia 14, eram 3.433 confirmados, muito acima dos 1.819 recuperados. Até então, MS registrava 31 mortes. Deste número até ontem, em 10 dias, foram 22 mortes. O número é superior ao registrado no mês de abril inteiro, que foi 9.

Para o secretário, a situação ainda estava sob controle, mas, este mês provou que manter o equilíbrio é delicado. “Estamos em um crescimento exponencial. Até dias atrás, nós tínhamos um controle. Conseguimos fazer todo o monitoramento e rastreamento de todos os casos e cidades que tinha”, comentou. Boa parte do problema é a dificuldade dos municípios de fazer esse monitoramento dos casos e manter o distanciamento social. “Falta agora, de fato, uma participação mais forte dos municípios no tocante a monitoramento e rastreamento dos casos”, explicou.

Mais rigor

Em função do crescimento de casos, o secretário da SES (Secretaria de Estado de Saúde), Geraldo Resende, afirmou que o Estado está estudando meios de permitir que os municípios possam aplicar medidas mais rigorosas para manter o distanciamento social. A ação punitiva deve partir das prefeituras, não podendo ser imposto pelo governo estadual. “Queremos construir em conjunto medidas duras, restritivas, e entendemos que as medidas devem ser tomadas pelos municípios e, inclusive, vamos fornecer elementos para que eles possam tomar medidas”, pontuou.

Conforme o titular da SES, este estudo está sendo feito com amparação da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) e envolve outras secretarias do governo do Estado. O trabalho deve criar protocolos para cada região do Mato Grosso do Sul, levando em conta número de infectados, leitos, estrutura do sistema de saúde e outros critérios. “É um painel que certamente vai direcionar para que a gente solicite aos municípios uma maior tomada de decisões de endurecimento e para outros municípios, poder fazer uma flexibilização bastante monitorada e responsável”, afirmou.

Aumento de testes na Capital

O secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, avaliou a situação de Campo Grande também nos 100 dias de enfrentamento ao novo coronavírus. Para ele, o aumento de casos está ligado ao número de testes que aumentou. “Hoje, para cada caso confirmado, temos 10 testados. Aumentamos muito os testes e, consequentemente, aumentou muito a notificação”, comentou. Conforme José Mauro, o município está trabalhando com utilização de cerca de 150 mil testes rápidos por dia.

Último colocado no ranking de mortes

A preocupação das autoridades de saúde é, principalmente, sobre a falta de conscientização da população. Um dos fatores que reforçam a queda na taxa do distanciamento social é a posição confortável do Estado em número de casos e mortes se comparado com o restante do país.

Conforme os dados do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) até as 18h de ontem (23), que está reunindo os números de casos do novo coronavírus pelo país, Mato Grosso do Sul é estado com menor número de casos e mortes do Brasil, com 56 mortes e 5.784 infectados. Na sequência, vem Tocantins, com 8.766 infectados e 179 mortes. São Paulo lidera em casos e mortes: são 229.475 infectados e 13.068.

(Texto: Raiane Carneiro e Amanda Amorim)

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