HR ativa hospital de campanha e teme por falta de sedativos

O hospital de campanha instalado ao lado do prédio do HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) iniciou os atendimentos. O espaço vai acolher casos que exigem internação, mas não são graves ou relacionados ao novo coronavírus. Somente os leitos de dentro do hospital devem ficar para atender os pacientes com COVID-19. Essa estratégia serve para minimizar riscos de contaminação. Paralelo a isso, HR teme um desabastecimento dos sedativos usados para intubação de pacientes em estado grave. A falta de remédios atinge hospitais de todo o Brasil e preocupa pelo tempo de demora na aquisição. Por enquanto, no Estado, o estoque deve durar por cerca de 40 dias se o cenário das internações piorar.

Mesmo com as transferências de pacientes para outras unidades como Santa Casa e HCAA (Hospital de Câncer Alfredo Abrão), o hospital de campanha foi ativado para evitar a ocupação total dos leitos do HR. Conforme as informações da diretora-presidente do Hospital Regional, Rosana de Melo, neste primeiro momento, 10 pacientes serão transferidos para o anexo. A estrutura conta com 144 leitos no total, mas, inicialmente, a operação iniciou com 24 vagas. De acordo com a diretora-presidente, dos 249 internados, 26 são positivos para COVID, sendo que 18 estão no CTI (Centro de Terapia Intensiva) e outros 25 casos estão sob suspeita do vírus, com seis também na CTI.

Melo destaca ainda o aumento crescente de internações. “Está chegando muito caso suspeito e confirmado [de COVID]. Não podemos deixar os casos suspeitos com os confirmados, temos que ter um certo isolamento. Esses pacientes não COVID que a gente não consegue transferir é mais seguro para eles ficarem no hospital de campanha”, explicou. Sobre os primeiros pacientes da campanha, a diretora-presidente reafirmou que não são casos graves nem com coronavírus. “São casos leves que precisam ficar internados”, pontuou. Os casos crescentes no interior é outro fato de preocupação, no entanto, não foi feito nenhum pedido de transferência para o HR. “A partir do momento que acaba a capacidade [de atendimento] deles, com certeza eles virão para o hospital”, disse.

Unidade tem falta de sedativos

Além da dificuldade em ampliar a oferta de leitos clínicos, de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), os hospitais de todo o país enfrentam ainda a falta de sedativos e relaxantes musculares que são utilizados em pacientes graves de COVID-19. O desabastecimento ocorre pela dificuldade de conseguir matéria-prima para produzir os medicamentos. Resistindo a esse cenário está o HRMS (Hospital regional de Mato Grosso do Sul), que conta com um estoque para cerca de 40 dias, se houver grande taxa de ocupação dos leitos.

De acordo com a diretora-presidente da unidade, Rosana de Melo, a situação ainda está sob controle e não representa nenhum prejuízo para os pacientes, porém, o medo é que a dificuldade na aquisição desses medicamentos se estenda e comprometa o estoque do hospital. “Falta alguns [medicamentos], mas a gente ainda consegue substituir por outros, os específicos, mas no próximo mês, se as compras não chegarem, nos preocupa”, explicou. “Estamos um pouco tranquilos, mas estamos tentando há três meses”, acrescentou. A situação foi exposta na terça-feira (23) por meio de nota do hospital em que afirmou que os principais grupos de fármacos necessários para a intubação e manutenção da ventilação mecânica correm risco de desabastecimento para pacientes graves de coronavírus.

Em audiência pública no início deste mês, o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) já havia alertado para a falta iminente de medicamentos para sedação. A entidade realizou um levantamento com todas as 27 Secretarias Estaduais de Saúde. Dentre os 25 estados que responderam o questionário, 24 relataram falta de medicamentos, como bloqueadores musculares. De acordo com o Conselho, a falta desses medicamentos se dá pela alta inesperada na demanda, dificuldade de importação de matérias-primas e o valor do dólar. O mercado nacional, de acordo com o conselho, não está conseguindo suprir a procura. Segundo o assessor do Conass, Heber Dobis, 11 medicamentos, pelo menos, estão em falta em mais da metade das secretarias que responderam ao questionário. “É muito grave a falta de medicamento para a indução da sedação, a anestesia, e para o relaxamento muscular, o que pode inviabilizar o processo de instituição da ventilação mecânica”, enfatizou.

Durante videoconferência da Comissão Mista sobre COVID-19 do Senado Federal nesta terça-feira (23), o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, ao ser questionado sobre a falta de medicamentos para tratamento de casos graves de coronavírus, como sedativos e relaxantes musculares necessários para a intubação de pacientes, afirmou que em breve o Ministério irá dispor de uma reserva emergencial destes medicamentos. Segundo Pazuello, a compra dos fármacos já está acertada com a indústria nacional e com compras emergenciais no exterior. Para a compra dos medicamentos cloroquina e oseltamivir, foram gastos quase R$ 16 milhões pelo ministério até o momento.

Leitos na Capital

A reportagem questionou a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) sobre o número de internados na Capital, sem diferenciar se são casos de COVID ou não. A pasta informou que Campo Grande possui 474 leitos na rede privada e 242 na rede pública. Neste caso, os pacientes são encaminhados para o Hospital Regional. Do número total, 212 leitos são de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e a taxa de ocupação chega a 64%. Até ontem (24), 14 pacientes do Regional eram do interior do Estado. Os outros 53 são campo-grandenses e estavam divididos entre hospitais públicos e privados.

Em transmissão on-line, o prefeito Marquinhos Trad lamentou o rápido aumento de internados na cidade. “O numero de leitos ocupados na nossa cidade, que era há 20 dias, em 25% e 27%, hoje já chega a quase 70%”. comentou. Marquinhos ainda enfatizou o uso da máscara para evitar mais internações, desta vez, por COVID. “Por favor, usem a máscara, não precisava de decreto para obrigar a usar a máscara”, disse. (Colaborou Dayane Medina)

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(Texto: Raiane Carneiro e Mariana Moreira)

 

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