Capital estrutura a saúde e enfrenta o COVID-19

Entre as ações, está a contratualização de novos leitos, a transformação do Hospital Regional em um polo para tratamento específico, avisa Eliana Dalla da Supris/MS

Com o risco iminente a saúde, devido ao COVID-19, Campo Grande tem se mobilizado para enfrentar uma possível epidemia provocada pelo vírus. Com isso, áreas destinadas a identificação e combate intensivo em sido instaladas por todo o município. A SESAU (Secretária Municipal de Saúde) em parceria com a SES (Secretária de Estado de Saúde) Vem se preparado em conjunto para enfrentar a doença. Enfermeira, atuando no município há 32 anos, Eliana Dalla Nora Franco, de 54 anos, é superintendente da SUPRIS (Superintendência de Relações Institucionais de Saúde) e relata algumas das medidas que estão sendo realizadas e outras que podem vir a ocorrer, de acordo com a evolução do vírus em Campo Grande.

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Entre as ações, está a contratualização de novos leitos, a transformação do Hospital Regional em um polo para tratamento específico dos casos de coronavírus, além disso, caso a situação se agrave está em estudo a instalação um hospital de campana que poderão conter até mesmo leitos de UTI. Até o momento, os leitos estão sendo contratualizados com todo o aparato, incluindo equipes para acompanhar os enfermos, mas caso haja a necessidade da instalação das áreas de campana, acadêmicos de medicina, passam por treinamento para auxiliar no enfrentamento do novo coronavírus.

O Estado: Como anda o processo de estruturação do sistema de saúde para atuar no combate ao COVID-19?
Eliana: Nós estamos conversando com alguns hospitais, que além da nossa rede que atende ao SUS, esse nosso sistema em frente ao COVID-19 é insuficiente, a nossa estratégia é que o Hospital Regional fique como referência para atender, a princípio todos os casos do novo coronavírus e, os outros leitos contratualizados fiquem com o atendimento das demandas normais, fora isso nós estamos conversando com outros hospitais para aumentar a demanda de leitos, a unidade do Pênfigo é um exemplo, as negociações estão bem adiantadas e já que nós iniciamos as tratativas antes mesmo de existir casos no município, com isso seriam 40 leitos clínicos e outros 10 de UTI, todos já equipados e com equipes, fora isso, nós temos mais 10 leitos de UTI da Santa Casa, em que a portaria de habilitação saiu há uma semana e meia e outros 23 leitos a mais, em que já estão liberados para que ocorra. Na semana passada nós realizamos o chamamento de outros hospitais particulares, para que haja a liberação de outros leitos clínicos e de UTI’s, em que provavelmente serão, Clínica Campo Grande, Proncor, El Kadri e, talvez, entre alguns outros que puderem dar auxílio nesse momento crítico com o coronavírus.

O Estado: Com a implantação dessas parcerias o município passa a contar com quantos leitos?
Eliana: Caso dê certo esses tramites de contratações serão mais 235 leitos clínicos e 67 de UTI a mais, todos completos, com respiradouros, equipes e com médicos intensivistas, que é esse que faz parte do chamamento público que nós temos para os hospitais particulares, que são específicos durante a situação com o COVID-19.

O Estado: O Hospital Regional será o centro de referência no tratamento de casos do coronavírus, nele, quantos leitos estarão disponíveis?
Eliana: Serão cerca de 300 leitos na unidade, que possuiu capacidade clínica de 380 internações, porém, existem alguns pacientes que não podem ser remanejados, como os que passam pelo tratamento de hemodiálise.

O Estado: Existe uma estimativa referente ao período que o paciente, em estado grave, possa ficar internado ocupando esses leitos?
Eliana: Eles passam em média 14 dias e dependendo do quadro do paciente, podendo ele ser idoso, ou possuir diabetes, podendo passar até 21 dias, portanto essa é a estimativa, entre 14 a 21, em UTI. O município está buscando ir atrás de mais ventiladores, para caso haja a necessidade, nós implantaríamos esse hospital de campana.

O Estado: Como funcionariam essas estruturas e já existem pontos a serem instalados?
Eliana: Seguiriam o modelo instalado no Parque Ayrton Senna. Nós estamos estudando instalar no Albano Franco, mas ainda não é uma certeza. A Cassems montou uma estrutura em frente ao estacionamento muito parecida com a que nós pensamos, com as divisórias, salas de observação, mas sem salas de UTI e se necessário nós iremos colocar tudo nesses hospitais de campana. No caso, seria preciso isolar o leito para poder instalar os ventiladores mecânicos, mas é uma possibilidade, pois nós vamos ficar com um número bom de leitos, que talvez pode não ser o ideal, mas dá para dar uma estabilizada na situação, e, são leitos completos, com estrutura e é importante também que se tenha no hospital toda a retaguarda, tendo exames de tomografia laboratoriais é preciso ter toda uma estrutura além dos leitos. Nos novos leitos que nós já temos, como no Hospital do Câncer, Santa Casa, HU, São Julião, com todos esses hospitais com toda essa retaguarda, está se desenvolvendo uma estrutura boa, que talvez não seja o suficiente e se não for, essa seria a ideia, a questão do Albano Franco.

O Estado: Campo Grande vai servir como polo de apoio para os pacientes que podem vir do interior?
Eliana: Sim, o interior também está se mobilizando, mas nós também vamos atendê-los, tanto é que essa parceria é realizada juntamente ao Estado, caso seja necessário, nós atenderemos os casos mais graves e por isso estamos me mobilizando tanto com leitos de UTI.

O Estado: Recentemente houve uma mudança estabelecida pelo Ministério da Saúde, que aponta todo o País em transmissão comunitária, com isso apenas os casos mais graves passam pela testagem que comprova a infecção pelo COVID-19. A partir dessa mudança, pode ser que haja uma mudança entre os casos apontados no boletim epidemiológico?
Eliana: Essa foi uma determinação do Ministério da Saúde, de só colher exames confirmatórios de COVID-19, nos casos mais graves, esses outros, entram na notificação como suspeitos, que são casos que contém todas as características e é tratado como tal.

O Estado: É possível que com a redução no número de casos confirmados, a população pode relaxar nas medidas estabelecidas para reduzir a transmissão do vírus?
Eliana: O medo principal é esse, que a população relaxe, mas a questão de os casos não terem sido notificados, esse aumento, é justamente o reflexo do isolamento social, que é a estratégia de combate mais recomendada em todo o mundo. O vírus possui uma transmissão muito rápida e nós precisamos conseguir achatar essa curva, nós ainda vamos ter muitos casos, mas não vamos chegar a uma epidemia tão grave, quanto vem ocorrendo na Itália e na Alemanha. Cada um dos Estados brasileiros tem seguido medidas diferentes, mas nós não podemos relaxar, esse é o período de transmissão do vírus, e não temos que seguir as medidas à rigor, seguindo o isolamento social e as medidas de higiene.

O Estado: Aqui em Campo Grande muitos leitos vêm sendo contratados, existe previsão para novas contratações, ou até mesmo, uma parceria com universidades, para ceder o trabalho de acadêmicos da área da saúde que já estejam próximos a concluir o curso?
Eliana: Na questão da parceria com as universidades, já existe uma conversação entre as unidades aqui do município, os acadêmicos de medicina e enfermagem são os principais citados, com isso, nós estamos oferecendo um treinamento específico, para caso venha precisar ele possa entrar nessa frente de combate, isso tudo com preceptoria e professores juntos. As novas contratações, caso seja necessário, serão abertas, porém, nesses novos leitos que estão sendo contratualizados com equipes e cada hospital fica responsável por organizar as equipes. Caso haja a necessidade da SESAU precisar abrir novas unidades, como por exemplo, no Albano Franco, com certeza nós iremos utilizar tanto a questão das universidades, voluntários da saúde e se necessário seja necessário impor novas contratações, nós iremos.

(Texto: Amanda Amorim)

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