Sustentabilidade: Artesãs reaproveitam sacos de cebola para confecção de ecobags

Sabe aqueles sacos que chegam aos supermercados com cebola, batata, laranja, limão, entre outros produtos? Então, em vez de serem descartados e jogados fora, eles ganharam serventia nas mãos de um grupo de mulheres de Campo Grande. As artesãs do Eco Linhas transformam o material em ecobags, bolsas, lixeirinhas para carro, saquinhos organizadores e mais uma infinidade de produtos, tudo 100% ecológico.

O projeto existe há quase três anos e atualmente conta com a participação de oito mulheres que moram no Jardim Noroeste e foi lá nesse bairro que a iniciativa ganhou vida. O principal objetivo? Gerar trabalho e renda com impacto socioambiental positivo dentro da economia criativa.

A idealizadora do projeto é a artesã Isabel Doering Muxfeldt, de 60 anos, ela criou uma linha de produtos sustentáveis cuja matéria-prima são as embalagens que seriam descartadas e que agora são fonte de renda e ajudam o meio ambiente.

Vinda de uma família de artesãs, Isabel conta que sempre se preocupou com a questão da destinação correta dos resíduos e pensava em uma maneira de colaborar com o futuro do planeta por meio de uma ação concreta. ““Minha avó materna sempre reaproveitou, eu me lembro dela fazendo sacolinhas em crochê de embalagem plástica de leite; minha mãe sempre aproveitou as roupas das irmãs mais velhas para as mais novas, aliás minha mãe reaproveitada tudo e foi assim que começou””, lembra.

Há três anos Isabel passou por uma experiência que chamou atenção: ela pôde ver pessoalmente a quantidade de embalagens que eram descartadas e foi aí que surgiu a ideia de colaborar e criar o Eco Linhas, um negócio social que utiliza o artesanato como ferramenta de resgate e geração de renda. ““Eu sempre me senti incomodada com as embalagens que eu observava serem descartadas. Há três anos fiz um trabalho com as cooperativas dos catadores aqui da Capital e pude ver de perto a quantidade de material aproveitável que é descartado””, comenta.

A partir desse dia, a artesã conta que começou a olhar com outros olhos as embalagens que eram ignoradas. ““Eu comecei a olhar de uma outra forma para as embalagens de cebola e laranja, de limão, de batata e comecei a pensar em produtos úteis e rentáveis que pudessem ser criados a partir dessas embalagens descartadas, já que a minha formação é designer de produtos artesanais””, explica.

Isabel lembra que em 2017 ministrou uma oficina de artesanato, no Festival de Bonito, interior de Mato Grosso do Sul, e lá a missão era confeccionar um produto e vender. Observando a aceitação do público diante das peças, ela começou a testar o material e voltou para Campo Grande pensando em formar um núcleo de produção com mulheres. ““Na época procurei a Esther Guimarães Cardoso, amiga de longa data, que é presidente do Instituto Guataverá de Apoio Sociocultural, que fica no Noroeste, expliquei para ela a minha ideia e ela achou superinteressante, e nos cedeu, dentro do instituto, um local para o treinamento e o trabalho das mulheres. Assim iniciei com um grupo de mulheres, em agosto do mesmo ano”.

Para tirar o projeto do papel, ela contou com auxílio do Living Lab, projeto colaborativo iniciado pelo Sebrae-MS, que desenvolve ideias inovadoras e startups em Mato Grosso do Sul. O principal ingrediente para a confecção dos produtos é doado pelo Fort Atacadista, que separa, em média, 100 sacos por semana para a iniciativa da artesã. Cada saco pode se transformar em uma ecobag ou em duas lixeirinhas para carro. ““Escolhemos esse material por ser o mais resistente, mas também utilizamos embalagens de batata, laranja, big bags de açúcar, por exemplo, para criarmos outros produtos, que vão desde brindes corporativos a sacolas para congressos””, esclarece.

Processo de fabricação

As embalagens são todas higienizadas, abertas e separadas conforme o produto que vai ser confeccionado. O aproveitamento da embalagem é quase cem por cento, já que a ideia é aproveitar tudo. Até o fio utilizado na embalagem é reaproveitado no crochê. Depois é costurada, surgindo assim, por exemplo, a ecobag. Se for somar o tempo desde a higienização, costura e aplicação de flores de chita, ou estamparia artesanal, cada produto leva em torno de duas horas.

Os produtos são vendidos em feiras e eventos. Além disso, a empreendedora mantém um perfil no Instagram para comercializar os itens, o @ecolinhas. Isabel enfatiza, ainda, que o negócio atende aos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e da ONU (Organização das Nações Unidas), produzindo trabalho digno e crescimento econômico, redução das desigualdades, além de produção e consumo responsáveis.

(Da redação)

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