Se concretizado, assalto em MS seria 2º maior da história do país

Crime na véspera do Natal renderia cerca de R$ 200 milhões a quadrilha

Caso fosse concretizado, o roubo de uma sede do Banco do Brasil no bairro Coronel Antonino, região norte da Capital, desmantelado pela Polícia Civil no dia 22 de dezembro, seria o segundo maior assalto a uma instituição financeira da história do país. E um dos maiores já realizados no mundo. No inquérito policial concluído e encaminhado ao Ministério Público Estadual pelo delegado João Paulo Sartori, responsável pelo caso, é revelado que o objetivo do bando era levar os cerca de R$ 200 milhões existentes nos cofres do local.

O montante só não é o maior do que o levado de um banco no país. No dia 28 agosto de 2011, 12 assaltantes invadiram uma agência do Itaú em São Paulo (SP) e levaram quantia estimada entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões. Fingindo serem funcionários da manutenção e armados com pistolas, eles renderam vigilantes, que liberou o acesso ao subsolo da agência. No local havia 400 cofres particulares, dos quais 170 foram arrombados em uma ação que durou cerca de dez horas. Na manhã seguinte, os bandidos fugiram do local sem dar alarde. A polícia só descobriu o crime oito dias depois de ele ter ocorrido. O resultado aos bandidos na ação em Campo Grande renderia mais frutos que assaltos célebres, como os R$ 164 milhões levados do Banco Central do Brasil, em agosto de 2005.

R$ 150 mil só para dirigir

Bandidos experientes em assaltos em três estados diferentes, roubo de carros, aluguel de imóveis, planejamento que durou mais de dois meses. O inquérito concluído do caso revela uma história quase que cinematográfica da ação que culminou em confronto com a polícia, prisão de sete acusados e morte de outros dois no confronto armado. Segundo a polícia, o alvo dos bandidos era o prédio do Núcleo de Valores do banco, já que no local ficam custodiados valores a serem distribuídos em diversas agências de Mato Grosso do Sul.

Nos depoimentos dados à polícia, os acusados apontam dois deles, ambos foragidos, identificados como ‘Barba’ e ‘Veio’, como os mentores do plano, há cerca de quatro meses. Quase todos os recrutados tiveram promessas de grandes valores como recompensa pelo assalto. Só o motorista, baleado no momento da prisão por tentar atropelar policiais, contou, após receber alta do hospital, que ganharia R$ 150 mil.

O restante dos pagamentos era variado. O valor dividido acertado para todos chegaria a R$ 500 mil. Um deles, em específico, chamado para a ação pela experiência em cavar túneis, tinha a promessa de receber pelo menos R$ 20 milhões. ‘Prêmio’ por ter ajudado ‘Veio’ a fugir de um presídio de Franco da Rocha (SP) por meio de uma das suas ‘construções’.

Desdobramentos

Segundo a polícia, apesar do inquérito inicial ter sido concluído, outro segue aberto para investigar ‘Veio’ e ‘Barba’. Somente o segundo teria vindo a Campo Grande. E fugiu em meio à ação de prisão dos comparsas. O primeiro teria comandado a operação de longe, provavelmente de São Paulo (SP). Além disso, há a suspeita da participação de outros criminosos nos quase três meses que a quadrilha planejou o crime, de grande complexidade e que exige operação detalhada, visto que o túnel é de cerca de 70 metros.

Na avaliação da perícia, em laudo anexado no inquérito, os trabalhos aconteceriam há cerca de 35 dias, visto que, em média, era retirado 100 metros cúbicos de terra por dia. Para responder as perguntas que faltam, a polícia pediu e conseguiu na última segunda-feira (6) à Justiça a quebra do sigilo telefônico dos acusados, com o objetivo de juntar mais provas que possam levar à identificação da dupla.

(Texto: Rafael Ribeiro)

 

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