Tarifa do ônibus pode chegar a R$ 4,20 no próximo reajuste

O Consórcio Guaicurus, responsável pelo transporte coletivo de Campo Grande, passou por momentos de pressão em 2019. Primeiro, com a possibilidade de uma multa milionária caso não comprasse novos ônibus para a frota, sendo necessário investir em 55 novos circulares. Depois, houve um impasse na negociação com funcionários, que são 1,1 mil em folha, sendo necessário cinco reuniões, duas com a mediação do TRT (Tribunal Regional do Trabalho), para que chegassem a duas propostas que devem ser aprovadas pela categoria. Em ambas, foi definido que o salário dos trabalhadores será reajustado em 3,5%, percentual que vai encarecer a tarifa do ônibus no próximo reajuste.

O valor atual da tarifa do transporte coletivo para ônibus comum está em R$ 3,95 enquanto os ônibus executivos, aqueles conhecidos como “fresquinhos” circulam por R$ 4,80. Com base no histórico de reajustes em que a margem de valores varia entre R$0,20 e R$0,25, desde 2014, o valor da tarifa pode alcançar R$ 4,20 para os ônibus convencionais. Segundo o presidente do Consórcio Guaicurus, João Rezende, o cálculo da tarifa é realizado através de uma série de componentes, acordados previamente em contrato.

“Essa é uma prerrogativa, que leva em conta: o salário do motorista; inflação; o preço do dísel; os insumos; veículos e peças; e a redução de passageiros pagantes. Esse conjunto influencia na definição do preço da tarifa. Mas o ingrediente que mais pesa é esse [o salário dos motoristas]”, aponta.

O diretor-presidente da Agereg (Agência Municipal De Regulação De Serviços Públicos), Vinícius Leite Campos, ressalta que o valor real que será repassado para os consumidores do transporte coletivo ainda precisa ser estudado, e, apenas com o reajuste da categoria estabelecido, é possível calcular o reajuste da tarifa. “Sabendo do resultado da negociação, nós podemos sentar e nos organizar para estabelecer o aumento”, disse, sem definir data sobre a questão.

Negociação com funcionários

Os motoristas do transporte coletivo estavam há dois anos sem reajuste salarial, portanto, a negociação começou com pressão por parte dos funcionários, que chegaram a pedir 13% de reajuste. Foram necessárias, três reuniões com o STTCU (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano) e Consórcio Guaicurus, e mais duas, mediadas pelo TRT, para que se acordasse sobre o aumento no ticket-alimentação e a manutenção da PRL (Participação nos Lucros e Resultados) para os funcionários, sendo repassada de forma semestral. A 1ª proposta prevê 3,5% de aumento, mantém a PRL e aumenta o ticket-alimentação, que atualmente é R$ 110, para R$ 125. Na 2ª proposta, o aumento permanece o mesmo, em 3,5%, mas a PRL é englobada ao valor do ticket-alimentação, que passaria para R$ 295.

Durante o processo de negociação, parte da categoria chegou a se “rebelar” contra o sindicato, planejando uma manifestação. Aqueles que se comprometeram a participar foram pressionados e dois funcionários foram demitidos por justa causa, entre eles. Um deles é Carlos Eduardo Coelho.

“Eu fui demitido antes mesmo de ter essa manifestação, isso foi para amedrontar os colegas, então, vim aqui, com roupa de palhaço, que é o que eu representei nesses dias”, frisa.

(Texto: Amanda Amorim)

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