Caminhoneiros cobram margem zero em concessão da MS-306

Sucesso no leilão, o Consórcio Way -306 pagará R$ 605,3 milhões para explorar rodovia

O relações-públicas do Sindicam-MS (Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens de MS), Roberto Sinai, foi direto e receoso ao comentar o leilão da concessão da MS-306, vital para o escoamento da produção de açúcar, álcool, algodão, soja e milho, e polo de integração comercial dos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo, Goiás e Minas Gerais.

“Recebemos isso com muita preocupação porque MS não foi feliz com a privatização da MS-136. A CCR (concessionária responsável) fez pouco do que prometeu em contrato e a realidade que temos é um pedágio caro e estradas sem qualidade”, disse.

Sinai ressalta que garantir a saúde da infraestrutura das rodovias é uma obrigação e lembra que com mais pedágios, o consumidor final poder ser onerado. “Que não se repitam os erros que foram cometidos coma a BR-163. Fazer uma rodovia boa é uma obrigação, mas a concessão vai trazer consequências na mesa do consumidor”, explica.

Sucesso absoluto

O primeiro leilão de concessão de rodovia estadual mostrou a boa imagem do Estado para os investidores, já que o valor oferecido pelo vencedor da exploração, o Consórcio Way -306 (liderado pela Bandeirantes Engenharia com as empresas TCL Tecnologia e Construções, Senpar, Torc Terraplanagem e GLP Brasil), de R$ 605,3 milhões superou todas as expectativas do governo estadual, sendo 500% maior que o da segunda concorrente.

“A outorga foi muito além das expectativas, não fazia parte da proposta econômica do projeto e isto só demonstra a confiança do mercado no Estado de Mato Grosso do Sul e no projeto”, comemorou o governador Reinaldo Azambuja.”MS está pronto para receber investidores que estejam interessados em outros projetos de rodovias que vamos apresentar”, completou.

Os recursos provenientes do leilão serão depositados no Fundersul e devem ser injetados em melhorias de outras estradas da malha rodoviária estadual. A coordenadora da área jurídica do escritório de Parcerias Estratégicas, da secretaria de Governo e Gestão Estratégica, Gabriela Rodrigues, adiantou que o governo já estuda modelagem para outros projetos parecidos no Estado.

Segundo Giovanni Mott, diretor de novos negócios da Bandeirantes, e Danilo Marcondes, diretor de investimentos em Infraestrutura da GLP Brasil, a diferença de valor entre a proposta da vencedora (representada por eles) e da outra participante levou em conta três fatores: tráfego, Opex e Capex (investimentos).

“Os números estão bem calibrados. É uma rodovia muito interessante porque é basicamente uma rota de passagem pros grãos e se encaixa muito bem na nossa tese de investimento que é de investir em ativos que tem disposição ao agronegócio brasileiro e que também é uma rodovia muito importante para a região porque integra três cidades de Mato Grosso do Sul, Chapadão do Sul, Cassilândia e Costa Rica”, disse ele.

Investimentos na infraestrutura

O contrato de concessão prevê que o Consórcio Way -306 invista cerca de R$ 1,7 bilhão na melhoria da malha em 30 anos, o que significa redução de acidentes, geração de cerca de 2 mil empregos diretos e indiretos, diminuição do tempo de deslocamento e economia de R$ 4 milhões/ano em investimentos na manutenção da rodovia.

O contrato entre o consórcio e o Estado deve acontecer em até 90 dias, com pagamento de 19% do valor da proposta de R$ 605.306.000,00 de outorga. As obras na rodovia têm previsão de início em meados de 2020, e as praças de pedágio no período de um ano após início dos investimentos. (Com Portal MS).

(Texto: Marcus Moura)

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