No Programa Pânico, da Rádio Jovem Pan, o jornalista Roberto Cabrini contou detalhes e bastidores de seus mais de 40 anos de carreira. Cabrini fez uma análise da polarização no cenário político do Brasil. De acordo com ele, apesar da dualidade de discurso entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o atual presidente Jair Bolsonaro, os dois possuem características em comum e as ações de ambos são direcionadas de maneira reativa.

Entre os pontos em comum que Cabrini cita, está a dificuldade de lidar com o contraditório.  “Já fiz 300 pedidos para entrevistar o Bolsonaro e o Lula. Eles não dão entrevista. Eles não gostam de quem faz perguntas desconfortáveis. Eles gostam de quem levanta a bola para eles”, disse.

Para o jornalista, a discussão política atual está polarizada não por uma diferença de ideias entre esquerda e direita (representadas por Lula e Bolsonaro), mas pela busca por vilões e heróis. “O Brasil é viciado em super-heróis. ‘Super-herói Bolsonaro’, o Super-herói Lula, o Super-herói do STF. Quando, na verdade, a sociedade tem que crescer como um todo. O problema é essa formação paternalista que existe”, argumenta.

Segundo Cabrini, essa abordagem é danosa para o desenvolvimento da sociedade e da política. Pois, a sociedade em sua visão precisa saber identificar os problemas e sair da discussão rasa, repetitiva e que não leva a nada. “Vejo situações de irmãos que não conversam mais por causa de discussão política. A gente precisa superar isso. O país fica parado e eu fico preocupado que essa discussão de campanha eleitoral faça com que a gente não discuta nada pelo proveito do país. Porque eu vejo políticos discutindo pela perpetuação do seu próprio poder, de seu projeto de poder”.

(Texto: Julisandy Ferreira com informações da Uol)