Após ironia de Salles, Greenpeace cobra ação nas praias

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, reagiu com ironia a um comunicado publicado pela ONG ambiental Greenpeace na internet a respeito do derramamento de óleo que afeta o Nordeste brasileiro. No material, o grupo afirma que o combate às manchas exige conhecimentos e equipamentos técnicos específicos. Pelo Twitter, Salles respondeu na manhã desta segunda-feira, com um vídeo de voluntários removendo grandes manchas de óleo de uma praia.

“O Greenpeace ‘explicou’ porque não pode ajudar a limpar as praias do Nordeste…. ahh tá…”, escreveu o ministro do Meio Ambiente. O tuíte traz uma montagem com a fala do porta-voz do Greenpeace, Thiago Almeida, seguida de imagens de dezenas de populares mobilizados em uma praia retirando pelotas de óleo da areia com as mãos. Voluntários, no entanto, têm dito que agem em razão da demora na resposta do governo.

No vídeo de três minutos publicado originalmente pela entidade na última sexta-feira, o porta-voz detalha as ações empenhadas pelo grupo diante do problema e explica o motivo de seus voluntários não estarem atuando nas praias nordestinas.

— O trabalho de combate ao impacto das manchas de petróleo exige conhecimentos e equipamentos técnicos específicos. Ele tem que ser feito por instituições especializadas e pelos órgãos competentes.

Na sequência, Almeida afirma que voluntários do Greenpeace têm atuado há algumas semanas no enfrentamento do problema junto de instituições e órgãos competentes. A ONG conta que realizou visitas a locais afetadas no Maranhão e Ceará e está registrando o impacto ambiental e econômico em locais afetados.

Greenpeace rebate

Em nota, o coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace, Ricardo Baitelo, cobrou ação do governo Jair Bolsonaro na mitigação dos efeitos do desastre ambiental.

“Enquanto o presidente Bolsonaro viaja para o exterior e o ministro Ricardo Salles tenta desviar a atenção do problema, voluntários se mobilizam para limpar as praias do Nordeste atingidas pelo óleo. Voluntários do Greenpeace ajudaram em trabalhos de combate ao óleo, visitaram e documentaram locais atingidos, conversaram com pessoas impactadas, e realizaram atividades em quatro cidades neste fim de semana”, diz trecho do comunicado.

O texto segue: “Esse já é o maior desastre ambiental de vazamento de petróleo do país em extensão e o governo pouco fez para combater e mitigar os impactos. O governo e o Ministro devem focar em resolver o problema com eficiência em vez de jogar a responsabilidade para a população”.

A ONG também respondeu o ministro no Twitter.

Salles também compartilhou o material no Instagram com a mesma legenda. O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Coronel Homero Cerqueira, reproduziu o vídeo em seu perfil e comentou no perfil de Salles: “Bando de hipocritaaa”, em referência ao Greenpeace.

A mensagem de Salles foi replicada pelo senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), ambos filhos do presidente Jair Bolsonaro. A reação de Salles e quadros do bolsonarismo coincide com o movimento das redes sociais. No último fim de semana, diversos vídeos de voluntários atuando em praias no Nordeste suscitaram críticas a uma suposta demora do governo federal na resposta à crise, que começou em setembro.

Veja a nota do Greenpeace na íntegra:

“Enquanto o Bolsonaro viaja para o exterior e Ricardo Salles tenta desviar a atenção do problema, diversos voluntários se mobilizam para limpar as praias do Nordeste atingidas pelo óleo. Voluntários do Greenpeace ajudaram em trabalhos de combate ao óleo, visitaram e documentaram locais atingidos, conversaram com pessoas impactadas, e realizaram atividades em quatro cidades neste fim de semana. Ao realizar a limpeza de praia em locais atingidos por petróleo, é importante utilizar equipamentos de segurança para evitar contaminação.

Esse já é o maior desastre ambiental de vazamento de petróleo do país em extensão e o governo pouco fez para combater e mitigar os impactos. O governo e o Ministro devem focar em resolver o problema com eficiência em vez de jogar a responsabilidade para a população.

(Texto: O Globo)

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