Coringa: Phoenix traz versão mais sombria e psicótica

Coringa é um dos mais emblemáticos vilões das histórias em quadrinhos, do cinema e da televisão. Na série Batman da década de 1960, exibida na telinha, o arqui-inimigo do homem-morcego era interpretado pelo ator Cesar Romero, um Coringa caricato e cômico, que fazia o telespectador rir, em vez de causar medo ou estranheza. Em 1989 foi a vez de Jack Nicholson dar vida ao vilão no filme “Batman”, dirigido por Tim Burton. Nicholson trouxe uma versão debochada e violenta. Em 2008 Heath Ledger assumiu o papel do palhaço psicótico, violento e dramático, em “”Batman- Cavaleiro das Trevas”. Falecido antes da estreia do filme, Ledger não chegou a receber em vida o Globo de Ouro e o Oscar conquistados pelo papel. Em 2016 Jared Leto interpretou Coringa em “Esquadrão Suicida”, de 2016, com direção de David Ayer, porém sem a importância que o personagem recebeu nas outras produções.

Hoje estreia “Coringa”, primeiro filme onde o comediante frustrado se torna o protagonista, após colecionar humilhações e acabar virando uma espécie de líder anárquico em uma sociedade doente. Dirigido por Todd Phillips, na trama Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) trabalha como palhaço para uma agência de talentos e, toda semana, precisa comparecer a uma agente social, devido aos seus conhecidos problemas mentais. Após ser demitido, Fleck reage mal à gozação de três homens em pleno metrô e os mata. Os assassinatos iniciam um movimento popular contra a elite de Gotham City, da qual Thomas Wayne (Brett Cullen) é seu maior representante. No trailer do novo Coringa é possível perceber a carga dramática com que Phoenix utiliza para mostrar um vilão atormentado por problemas psiquiátricos trazendo à luz esta, que pode ser uma das mais surpreendentes interpretações do vilão criado por Jerry Robinson, Bill Finger e Bob Kane , em 1940 nos quadrinhos da DC Comics.

A crítica especializada tem elogiado, e muito a atuação de Joaquin Phoenix, que já garantiu o Festival de Veneza. Xan Brooks, que escreve para o jornal britânico “The Guardian”, deu cinco estrelas para a produção. “Que filme gloriosamente ousado e explosivo é o ”Coringa”. É um conto quase tão distorcido quanto o homem em seu centro, cheio de ideias e voltado para a anarquia”, comentou o jornalista. Tim Grierson, da revista cinematográfica “Screen Daily”, também elogiou bastante a atuação do protagonista. “O vilão icônico dos quadrinhos tem uma história de origem épica apropriada em Coringa que permite ao talento bruto de Joaquin Phoenix seu maior exemplo até agora. O ator constrói Arthur como uma variação dos outros personagens doloridos e emocionalmente bloqueados que já fez”, a revista deu quatro estrelas para o filme.

A revista americana, The Hollywood Reporter, também deu 4 estrelas destacou a imersão de Joaquim Phoenix na construção do personagem. “Enquanto Joaquin Phoenix pinta o famoso sorriso maníaco, o que é mais digno de nota sobre essa entrada corajosa no cânone da DC e a performance sensacional do ator principal é o exagero que ele traz a um caráter pateticamente desprovido de privilégio”, destacou David Rooney que escreve sobre crítica de cinema na publicação.

Owen Gleiberman, da revista americana Variety, que também avaliou Coringa com quatro estrelas considerou a atuação de Phoenix hipnotizante. “O desempenho da Phoenix é surpreendente, ele está interpretando um nerd com uma mente desequilibrada, mas ele é tão controlado que é hipnotizante ”Coringa” consegue o talento ágil de contar a história de origem do Coringa como se fosse sem precedentes”. Matt Goldberg, do site de entretenimento Collider não foi tão entusiasmado com o que viu e deu três estrelas para obra. “A arte do filme – a cinematografia, a partitura, o design da produção – junto com Joaquin Phoenix magnético e com um desempenho dedicado, é excelente. Phillips criou uma visão atraente e atmosférica de Gotham, mas ele não fez nada de interessante com isso”.

“Coringa” estreia hoje nos cinemas de todo o país e a classificação é de 16 anos.

(Marcelo Rezende)

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